Relato das aparições de Maria à Santa Catarina Labouré
Pouco depois, Catarina viu a Cristo presente na eucaristia, além da aparência do pão: “Vi Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento, durante todo o tempo de meu seminário, exceto todas as vezes em que duvidei”. No dia 06 de junho, festa da Santíssima Trindade, Cristo apareceu como Rei Crucificado, despojado de todos seus atributos.
18 de julho de 1830
No dia 18 de julho de 1830, véspera da festa de São Vicente, Catarina recorre a este Santo para que, mediante sua intercessão, se cumprisse seu grande desejo de ver a Santíssima Virgem. Tempos atrás, quando faleceu sua mãe e ela ainda era criança, havia pedido à Maria que ela fosse sua mãe.
Chegam a capela e Irmã Catarina para perto da cadeira do sacerdote situada no presbitério. Ouve então “como o som do movimento de um vestido de seda”. “Eis aqui a Santíssima Virgem”, lhe diz o seu pequeno guia. Duvida dele, mas o menino repete em voz mais alta: “Eis aqui a Santíssima Virgem”. Catarina corre para ajoelhar-se diante da Virgem Maria, que está sentada na cadeira e Catarina apoia suas mãos nos joelhos da Mãe de Deus. “Ali passei algum tempo, o mais feliz de minha vida. Seria impossível dizer o que experimentei. A Virgem me disse como devia me comportar com meu diretor espiritual e várias outras coisas”. A Santíssima Virgem mostrou o altar onde estava o presbitério e disse: “Venha aos pés deste altar. Aqui, as graças serão dadas a todos que pedirem com confiança e fervor”. A nova missão de Catarina foi a de difundir esta promessa de Deus e Maria ao mundo. Maria lhe pediu ainda a criação de uma associação dos filhos e filhas de Maria. O confessor de Catarina, o Padre João Maria Aladel, CM, cumpriria este pedido no dia 2 de fevereiro de 1840.
27 de novembro de 1830
No dia 27 de novembro de 1830, a Virgem Santíssima aparece novamente à Catarina na mesma Capela. Desta vez foi as 5 e meia da tarde, durante a meditação. Primeiro Catarina viu como que dois quadros vivos, unidos, nos quais a Virgem estava de pé sobre meio globo terrestre, esmagando uma serpente com seus pés. No primeiro quadro, a Virgem tinha consigo um pequeno globo dourado em suas mãos, com uma cruz que subia aos céus. Catarina ouve: “Esta esfera representa o mundo inteiro e cada pessoa em particular”.
Dezembro de 1830
No mês de dezembro de 1830, estando em meditação, Catarina torna a ouvir o suave movimento, desta vez, atrás do altar. O mesmo quadro da medalha aparece junto ao tabernáculo. “Estes raios são o símbolo das graças que a Virgem Santíssima consegue para as pessoas que lhe pedem… Já não me verás mais”. É o final das aparições. Catarina comunica os pedidos da Virgem Maria a seu confessor, o Pe. Aladel. Este num primeiro momento não acolhe bem, e inclusive lhe proíbe de pensar e falar nisto. Embora tenha sido um golpe terrível para ela, Catarina obedeceu seu confessor.
A medalha é propagada
No dia 30 de janeiro de 1831 encerra o tempo de Seminário e Catarina recebe o hábito de Filha da Caridade. No dia seguinte é designada para o Asilo de Enghien, fundado pela família de Orleans, na rua de Picpus, 12 – Bairro Reully, oeste de Paris. Num bairro cheio de miséria, Catarina atenderá os Pobres durante 46 anos, em silêncio e total anonimato.
O Pe. Aladel continuou sendo o diretor espiritual de Catarina durante sua permanência no Asilo de Enghien, pois ele também era capelão desta instituição. Havia se passado sete meses desde que a Santíssima Virgem pediu que se cunhasse e distribuísse a medalha, mas ainda não tinha sido feito nada. Nossa Senhora comunicou à Catarina que estava desgostosa, porque seus desejos não haviam sido cumpridos. “Mas querida Mãe”, disse a Irmã Catarina, “Vós vedes que ele (o Pe. Aladel) não acredita em mim”. “Não tenhais medo” – foi sua resposta – “chegará o dia em que fará o que eu peço, porque ele é meu servo e não irá querer me desapontar”.
Ao ouvir isto, o Pe. Aladel se mostrou muito preocupado: “Se Maria está desgostosa, não pode ser com a jovem irmã, pois em sua situação ela é incapaz de fazer qualquer coisa. Sendo assim, deve ser comigo”.
O Pe. Aladel sentiu que não podia assumir a responsabilidade de rejeitar as comunicações que fazia sua penitente. Desta maneira, consultou seu Superior, o Pe. João Batista Etienne, CM, sem revelar o nome da Ir. Catarina, que desejava permanecer no anonimato. Decidiu-se então que um assunto assim tão importante deveria ser levado ao Arcebispo. Os dois padres chamaram o Arcebispo Dom Quélen, de Paris, e lhe apresentaram um detalhado relato das aparições. Tendo escutado com grande interesse a maravilhosa história, o arcebispo disse que não via nenhuma objeção para que a medalha fosse cunhada, já que não estava contrária a fé católica; ao contrário, estava de acordo com a devoção dos fiéis à Nossa Senhora. Ele sentia que contribuiria deste modo à sua honra, e pediu que algumas destas medalhas lhe fossem enviadas depois de prontas.
Tendo recebido a permissão eclesiástica, o Pe. Aladel agilizou para que a medalha fosse feita. No entanto, houve um atraso considerável e somente no final do mês de junho de 1832 foi quando ele recebeu o primeiro lote de 2.000 medalhas. Inicialmente, visto que a Virgem Maria havia prometido muitas graças aos que a levassem consigo, a medalha se chamou “A Medalha de Nossa Senhora das Graças”. O diretor espiritual entregou uma destas medalhas à Ir. Catarina, como forma de reparar sua prolongada oposição. O único comentário da Ir. Catarina foi: “Agora deve propagar-se”.
Em fevereiro de 1832, uma terrível epidemia de cólera havia se espalhado por Paris, e causaria mais de 20 mil mortes. Depois de cunhar as primeiras medalhas em junho de 1832, as Filhas da Caridade começaram a distribuir estas 2.000 medalhas. Aumentaram as curas, assim como a proteção contra a enfermidade e também as conversões. Foi algo espantoso! As pessoas de Paris logo começaram a referir-se à medalha como “a Medalha Milagrosa” ao invés de “a Medalha de Nossa Senhora das Graças”.
No outono de 1834 já haviam sido fabricadas 500 mil medalhas. Em 1835, havia sido feita mais de 1 milhão em todo o mundo. Em 1839, já se passava dos 10 milhões de medalhas distribuídas. Calcula-se que até o momento da morte da Irmã Catarina Labouré, em 1876, haviam sido distribuídas mais de 1 bilhão de medalhas.